20 de Junho de 2011 | 16:42h
Stephanie Kohn
A maioria das pessoas familiarizadas com as redes sociais, especialmente o Twitter, já ouviram falar na compra de seguidores. Essa tática para conseguir mais popularidade no microblog se espalhou também pelo Facebook e YouTube. Atualmente, programadores conseguem arrecadar milhares de "Curtir" em uma página ou "Gostei" em um vídeo.
Mas, você sabe como isso funciona de verdade? Um programador que não quis se identificar contou, em entrevista para o Olhar Digital, que o "mercado negro digital", como ele mesmo chamou, utiliza atividades bastante antiéticas e, em alguns casos, até ilegais para conseguir comercializar seguidores e afins.
Até 2008 o Twitter permitia criar uma conta falsa que não precisava de autenticação de email. Com isso, a venda de seguidores acontecia de forma muito fácil: programadores criavam milhares de perfis falsos que passavam a seguir determinada conta. No entanto, depois que o Twitter resolveu inserir a autenticação de email, criar contas falsas se tornou mais complicado e, dessa forma, a venda de seguidores teve que se aprimorar.
Com a dificuldade em usar os robôs, os "vendedores" desenvolveram uma nova tática, segundo o programador. Por meio de falhas em sites, os hackers exportam senhas de email e conseguem acessar outros serviços, como Twitter ou Facebook. "Eles perceberam que muita gente usa a mesma senha para tudo, então seria fácil tentar acessar os perfis com as mesmas senhas exportadas", explica o entrevistado. Assim, com as senhas em mãos, eles conseguem manipular os perfis e fazer com que pessoas reais no microblog passem a seguir determinada conta.
O programador explica que a maioria dos clientes desse tipo de serviço são agências de marketing de guerrilha, marketing social e publicidade. "Elas costumam comprar seguidores e 'Likes' para seus clientes. Geralmente é para viralizar uma campanha e bombar alguma ação que estejam fazendo. Acho antiético, publicitário às vezes parece advogado querendo defender bandido", diz. Segundo o programador, as marcas nem sabem ao certo que as agências usam desses artifícios para popularizar uma campanha e, na verdade, não procuram saber. O problema é que dificilmente eles saberão que a ação foi realmente popular ou apenas uma farsa.
Existem dezenas de empresas que fazem a venda de seguidores e os preços variam bastante. "O mercado não tem regras, portanto pode-se cobrar qualquer valor. Os programadores podem pedir mais dinheiro de uma agência famosa e menos de uma empresa pequena", comenta. Estes sites de comercialização, na maioria dos casos, usam um método diferente. Elas criam um aplicativo para o Twitter, prometendo que o internauta que autorizar o app na sua conta vai ganhar milhares de seguidores em 24 horas. A partir daí, os sites conseguem acesso aos perfis que autorizaram e criam uma base grande de pessoas, que podem ser vendidas mais tarde como novos seguidores para agências e marcas que paguem por isso. O internauta, no entanto, ganha poucos followers.
O entrevistado ainda lembra que é possível descobrir se um perfil comprou seguidores por meio de sites de análises como o TwitterCounter, mas existem outras maneiras também. Um baixo retorno de reply, por exemplo, pode indicar que o perfil não ganhou seguidores pela popularidade e sim usando alguma tática como essa. Outra dica é acompanhar a atividade do perfil, saber se a pessoa ou marca posta com frequência e se seus seguidores interagem com ele.
O valor cobrado pelos hackers varia bastante e depende, também, do tamanho da base. Até no Mercado Livre há promoções, onde o usuário compra um perfil já popular e apenas substitui por suas informações.
E aí, você acha antiético a compra de seguidores? E o que achou da nova tática de roubo de senhas e manipulação de perfis? Deixe sua opinião nos comentários. E se você já utilizou um desses serviços para ganhar seguidores, ou se apareceram pessoas que você nunca seguiu na sua timeline, fica a dica: troque já a sua senha!
http://olhardigital.uol.com.br/jovem/redes_sociais/noticias/comercializacao_de_seguidores_e_fas_o_mercado_negro_do_twitter_e_do_facebook |
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